É muito importante determinar qual o uso pretendido (finalidade do orçamento) a ser produzido, e assim, definir o nível de detalhamento que será adotado, pois isso determinará o nível de precisão a ser utilizado na coleta de dados e nos cálculos ao gerar o orçamento:

Normalmente temos os seguintes níveis de detalhe nos orçamentos produzidos na construção civil (nomes podem variar dependendo do autor ou de quem realiza a citação):

1) ORÇAMENTO DE ORDEM DE GRANDEZA: avaliação estimativa inicial do possível custo da obra, realizado sem os projetos arquitetônicos e até mesmo sem que o local da obra tenha sido escolhido.

Este orçamento é normalmente obtido a partir de valores médios do METRO QUADRADO de construção. Utilizam-se com muita frequência os valores publicados para o CUB do estado (ver site do Sinduscon do estado onde a obra de edificação habitacional será realizado). Para obras específicas são utilizados dados de publicações especializadas, ou melhor ainda, os valores médios praticados nas obras anteriores da construtora, corrigidos pela "inflação" do CUB ou do INCC (Indice Nacional da Construção Civil publicado pelo IBGE).

2) ORÇAMENTO DE ESTUDO DE VIABILIDADE: realizado simultaneamente aos estudos mercadológicos e financeiros, o orçamento de estudo de viabilidade é realizado já com uma definição do provável local do terreno onde será construida a obra.A finalidade deste orçamento é a de analisar se há mérito em prosseguir com os estudos e projetos da obra desejada.

Utiliza nas suas estimativas de custo informações um pouco mais detalhadas do que o orçamento de ordem de grandeza, pois aqui já se pode orçar componentes principais da obra tais como equipamentos, materiais, possível tipo de fundação, engenharia, construção. O orçamento é montado a partir de estimativas de serviços e materiais a serem utilizados nas obras, pesquisa de preços médios (próprios ou publicados) dos componentes da obras, aplicação de percentuais ou coeficientes relacionando a características da obra com seus respectivos custos (exemplo: usam-se indicadores da edificação tais como área de fachada, área de banheiros, áreas internas, áreas comuns e de garagem, etc). A finalidade deste orçamento é a de analisar se há mérito em prosseguir com os estudos e projetos da obra desejada.

3) ORÇAMENTO PRELIMINAR: Avaliação de custos da obra efetuada na fase de Anteprojeto, utilizando características físicas da obra para estimar quantidades de serviços e respectivos materiais principais, e levantamento de preços médios.
Dica: estes orçamentos procuram trabalhar com mais detalhamento os serviços e insumos do Grupo A da Curva ABC de custos da obra. Trinta insumos podem representar aproximadamente 80% do custo total da obra: se forem bem estimados, já se obtém um orçamento com uma qualidade adequada para apoiar as tomadas de decisão na fase de Anteprojeto.

4) ORÇAMENTO DO PROJETO BÁSICO: Neste orçamento procura-se obter valores reais da obra, visto que já existe um Projeto Básico para servir de referência.
Passa-se a utilizar fichas de composição unitária de custo para a quase totalidade dos serviços a serem realizados na construção da obra levando-se em conta as técnicas construtivas previstas para uso efetivo na obra, a levantar os custos dos insumos no mercado que irá suprir a obra. Leva-se em conta um pré projeto do canteiro de obra e da forma de ataque à obra. Este orçamento serve de base para o Proprietário autorizar o prosseguimento dos projetos para a fase de projeto executivo. Esse orçamento uma vez concluído e revisado é passa a se constituir no Orçamento para Autorização.

5) ORÇAMENTO ANALÍTICO OU DETALHADO (ou EXECUTIVO): avaliação do custo da obra efetuado quando já se dispõe dos projetos executivos, o que permite a obtenção de quantidades de materiais e serviços com grande precisão "física".
Se forem levantados os custos de aquisição destes itens com realismo, o orçamento passa a ser uma excelente base para o gerenciamento dos custos da obra. Desta forma, é também chamado de ORÇAMENTO DE CONTROLE ("Control Budget"). Para fins do PMI (PMBOK) este orçamento representa a Linha Base de Custos para obras próprias, ou seja, obras que o controle dos custos da obra busca atingir metas definidas pela própria construtora. Para obra para clientes externos, vide o próximo tipo de orçamento.

Podemos ainda citar, no caso de existir um processo licitatório para a obra:

6) ORÇAMENTO LEGAL: é o orçamento da obra oferecido pela construtora vencedora da licitação, ou que consta na proposta oficial de construção.

Tem caráter jurídico, e é a referência para comparar o orçamento de controle da Construtora.Para fins do PMI (PMBOK) este orçamento representa a Linha Base de Custos para obras contratadas junto a um Cliente externo.